Fail Right não é Fail Fast

Adriano Brito
3 min readMar 17, 2023

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Por que começar algo que é certo de falhar se não espero nem aprender nada com isso?

Na imagem um gerente de projetos careca cansado de falhar em jogar o dardo e acertar o alvo

O mindset fail fast defendido por Eric Ries em seu famoso livro "The Lean Startup", vem sendo aplicado em diversos ramos da economia, administração mas ao que tudo indica que tem residência permanente na área de produtos de tecnologia.

Algumas fontes creditam ao escritor e também programador, veja só, Tom Peters como sendo um dos possíveis pioneiros a enfatizar a importância de "experimentar rápido e falhar rápido", vide seu livro "Liberation Management" de 1992. Não é a toa que esta data coincide com o alvorecer do movimento ágil que hoje é amplamente adotado no universo de desenvolvimento de software e negócios em geral.

O fato é que o mercado está em constante aprendizado e que essas mudanças de paradigma vêm para minimizar riscos, buscar soluções mais eficazes e principalmente mais econômicas. Felizmente estamos menos empolgados por desenvolver software que ninguém vai utilizar e com isso perdendo rios de dinheiro.

Entretanto observa-se que as empresas que estão adotando o que chamamos de "cultura de falha", em geral ainda não perceberam que as lideranças precisam criar um ambiente auto-organizado e que independente do modelo de negócios seus colaboradores possam livremente experimentar e terem suas idéias ouvidas.

"Lideranças precisam criar um ambiente auto-organizado e que independente do modelo de negócios seus colaboradores possam livremente experimentar e terem suas idéias ouvidas"

Além disso não obstante do nível de maturidade dos colaboradores, hoje mais do que nunca queremos participar, ser ouvidos e desenvolver um senso de pertencimento essencial para que a empresa retenha funcionários motivados.

Em síntese, iniciar qualquer atividade dentro de uma organização com a mentalidade "falhar rápido mas falhar com certeza" sistemicamente provoca um ciclo de feedback negativo e que normalmente só para por intervenção do viés do custo afundado, isso quando ele se manifesta.

Além disso há de se analisar trade-offs. Se vou começar alguma atividade com a certeza de que vou falhar (ou a quase certeza diga-se de passagem), então preciso ter o mínimo de controle do que espero aprender e saber onde eu quero chegar com uma argumentação justificável.

O resultado disso é sempre o mesmo: times desmotivados, turnover, lideranças perdidas, reforço da politicagem organizacional e rios senão mares de recursos jogados fora.

Embora isso possa ser um desafio principalmente para grandes empresas, algumas práticas podem ajudar:

Sobre a liderança

Esta deve ser a primeira a adotar a mentalidade fail fast e transmitir essa cultura aos colaboradores, encorajar a experimentação e tomada de riscos calculados e não penalizar os funcionários pelo desenvolvimento do seu processo criativo.

Sobre a comunicação

É importante estabelecer comunicação aberta e transparente para que os colaboradores se sintam confortáveis em compartilhar idéias, sucessos e fracassos, criando espaços para que os times aprendam e melhorem continuamente.

Seja SMART

Definir objetivos claros e metas realistas é essencial. Não adianta por exemplo configurar como objetivo "tratar bem o cliente", "ser amado pelos stakeholders", "porque isso desconfigura a proposta de valor do negócio. Além disso se a liderança não define métricas e acompanha com indicadores para avaliar o progresso, de nada adianta adotar esta mentalidade.

Defenda uma tese e aprenda com ela

Testar idéias e protótipos rapidamente significa coletar feedback o mais cedo possível, então se você não está aprendendo com o seu teste e só olhando para indicadores estratégicos como receita, saving e tamanho de base, muito provavelmente seu teste não valeu de nada. Isso porque provavelmente você desconsiderou fatores sistêmicos, sazonais entre outros que farão você supor muita coisa errada.

Precisamos de lideranças pacientes, perseverantes e com a mentalidade jovem e inovadora, repare que isso não depende de idade exatamente. Peça ajuda se for preciso, ser líder não significa ser perfeito. Isso é essencial para implantar uma cultura de melhor tomada de decisão onde se bonifica o aprendizado e por sua vez o crescimento exponencial em detrimento da cultura do medo e negativa onde falhar é sempre mais certo do que rápido.

Namastê

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Adriano Brito

Product Manager | Venture Builder | Business Strategist | System Thinker